O apego, minha gente, é um jeito estranho de
amar. A gente não disse que não é amor, é um amor que ultrapassou os
limites que poderiam. É sempre bom a gente entender que amar uma pessoa é
você saber qual é o limite, até onde você pode ir, até onde você não
pode ir. Amar uma pessoa significa nós vivermos a experiência do
cuidado, mas esse cuidado não pode ser excessivo porque muitas vezes nós
invadimos a vida do outro. O apego, minha gente, é o momento em que a
gente invade todos esses espaços, e a
gente cria aquela ilusão de que nós bastamos àquela pessoa, que ela não
precisa de mais ninguém ou então o contrário, eu me apego tanto ao outro
que eu acho que o outro é a solução de todos os meus problemas. Eu crio
essa ilusão de que o outro, ele preenche tanto os espaços dos meus
afetos, do meu coração que eu não preciso de mais ninguém. E uma relação
desordenada, ela geralmente afasta as outras pessoas e a pessoa que
está apegada, ela não permite que outro se achegue àquele que ela se
apegou. Nós não podemos colocar sobre os ombros dessa pessoa a
responsabilidade de ser todo o afeto, a fonte de afeto que nós
precisamos na vida porque senão esse apego vai nos matar e vai matar
também a quem nos ama. Aí o amor faz mal ou invés de fazer bem.
Fabio de Melo.
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