quarta-feira, 1 de junho de 2011

-“Não me aproximo porque, veja bem, sabe lá quem habita a tua solidão.
Hesito. Recuo. Me afasto tristíssima.
E te imagino em poses e sorrisos, voz grave e cabelos desgrenhados, preso nas minhas fantasias mais loucas e movimentadas.
Numa delas sou um bichinho invisível, com asas, que adentra tua casa e te observa em segredo.
Faço o contorno do teu corpo todo com os olhos, parada contra a parede do teu quarto, imóvel, enquanto tu te atiras na cama.
Cansado…
Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades.
Te fito com dor.
 A luz do abajur faz sombra na tua pilha de livros, que folheei um dia e quis pedir emprestado mesmo sabendo que não havia intimidade para pedidos.
Por razões que desconheço, nossas aproximações foram sempre pela metade.
Interrompidas.
Um passo para frente e cem para trás.
Retrocessos.
Descaminhos.


CFA

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