domingo, 22 de maio de 2011

Fragmentos de “Digitais”
(Carta que Meg escreve para  Adan e que é  achada por ele após a destruição das muralhas.)


Adan passou pela minha vida de uma forma única. Um menininho tão incrivelmente lindo: pele branquinha, olhos castanhos que ficavam pequenininhos todas as vezes que ele sorria para mim, voz suave…E como ele tinha um sorriso lindo…Cheiro de vida era sentido todas as vezes que ele se aproximava de mim.Um misto de alegria,refugio,conforto, confiança.Mas o que mais me encantou em Adan foi o seu ser sincero, sua verdade muitas vezes dura, algumas vezes ditas através do silêncio, mas que sempre me encantou.Sabe aquela pessoa que quando menos se espera aparece na sua vida e muda o sentido de tudo?…Pois é , esse foi  Adan pra mim.
Sempre falou pouco, mas tinha algo de encantador na presença dele que me deixava confortada e em paz. Era meu único amigo. Especialista em brincadeiras, Adan sempre me fez sorrir, mesmo não estando presente. As boas lembranças do tempo passado ao lado dele  visitam minha mente todos os dias, e algumas vezes deitada na grama, me pego sorrindo sozinha e me perguntando o que o tornou tão especial para mim.
Sempre foi a melhor companhia em todos os tempos. Até nos meus dias mais sombrios (embora ele nunca soubesse de nenhum deles) ele conseguia trazer sorrisos ao meu rosto. Era amável, atencioso, falava durante horas comigo sobre filosofia e sobre grandes autores (ele também é um grande autor, mas não sei se ele mesmo descobriu isso ainda).Fazia uns barulhinhos bons no fim de frases engraçadas e sorria… E era encantador o som do sorriso de Adan. Às vezes se disfarçava de amargo,mas por ironia, quanto mais ele usava esse disfarce , mais doce ele se tornava.Adan é realmente doce….algo como sorvete de flocos com chocolate suíço regado com calda de cereja e muito, muito chantilly,misturado com confetis coloridos…Hummm…Dá vontade de Adan e de sorvete só de imaginar.
Transparência…era mais uma das qualidades de Adan.Ou ele estava bem ou não, e não escondia isso…Quando bem ,falava por horas, e quando não, era impossível tirar nem que fosse um simples oi dele.As vezes se sentia mal sem nem saber o por que, mas logo se distraia com algo e se sentia bem novamente.
Gostava de flores coloridas,de Friedrich Nietzsche,de bicicletas,de poucas pessoas ao seu redor,de observar pássaros,  Ozzy Osbourne,de ficar sozinho.Sua fé era seu aprendizado.Quando ele inclinava sua cabeça para estudar e se afogava em livros ele estava com o Deus dele: o conhecimento.Disse uma vez que nada é tão bom como levantar as 10 horas da manhã, tomar chá gelado de hobby e pantufas na beira da piscina…( eu nunca fiz isso em minha vida,mas todos os dias as 10 da manhã penso em fazer)
Sempre foi um pouco resistente a mudanças: passava sempre pelos mesmos caminhos que o levavam a seu destino.Sofria de anciedade as vezes ; imaginava oque poderia acontecer, o como,o tempo que duraria a situação, se iria se sair bem ou não e até ensaiava oque iria falar de acordo com oque poderia acontecer, só que nunca acontecia da forma que ele imaginava, e isso fazia sempre com que ele ficasse pior ainda.Mas passava….como tudo quase sempre passa…
E foi isso que aconteceu com Adan…ele passou na minha vida.Trouxe alegria colorida, sentimentos verdadeiros, saudade mesmo estando presente,gosto de verdade, novo sentido, vontades constantes,e amor…muito amor…mas ele passou..
Bom..pelo menos ele acha que passou …
Só não sabe que ficou em mim, e que vai comigo por onde eu for.
Meg.
[Adan se assenta em meio as ruinas ,e chora  após ler a carta e se pergunta:
 -Onde Meg estará me levando agora?]

Marcelle Melo


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